terça-feira, 28 de julho de 2015

"Dinheiro foi entregue ao deputado Adelson Barreto", diz vereador

Antônio Arimateia revela como funcionava esquema de desvio de verbas. Segunda vereador, Adelson ofereceu dinheiro para ser poupado.


A oitiva do vereador do município de Capela, Antônio Arimateia (PSB), que prestou depoimento no Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE) na segunda-feira (20), revelou detalhes de como funcionava o desvio das verbas de subvenção indicadas pelo então deputado estadual Adelson Barreto (PTB).
"O deputado Adelson Barreto me procurou em dezembro de 2013, e perguntou se eu tinha o contato de algumas associações que estivessem aptas a receberem recursos de subvenção. E que tinha R$ 600 mil para destinar para uma ou duas associações. Disse que conhecia duas pessoas que tem associação e iria consultar", relata o vereador.
O vereador conta em depoimento como era feita a divisão do dinheiro. "Ele falou que tinha R$ 300 mil para cada, e desse valor, R$ 200 mil teriam que voltar para ele. E, R$ 100 mil ficaram para serviços e repartir entre as pessoas envolvidas. Passei para a Lira (Associação Sociedade Musical Nossa Senhora da Purificação) e para Associação de Moradores José Augusto Barreto de Muribeca. De todos esses recursos, eu fiquei com 10%, R$ 30 mil de um e R$ 30 mil de outro", explica.
Antônio Arimateia disse à Justiça Eleitoral que a Associação Sociedade Musical Nossa Senhora da Purificação (LIRA) passou por uma reforma fantasma. "Foi realizada uma reforma fictícia da Lira emitindo notas fiscais para o pagamento. O contato com a empresa de engenharia foi feito pelo presidente da associação. No local, foram feitas apenas reparos poucos significativos. Depois de sacado o dinheiro, desses R$ 300 mil eu retirei R$ 30 mil, que era a minha parte, e retirei R$ 200 mil para o deputado, deixando R$ 70 mil para o presidente", afirma o vereador.
Segundo Antônio Arimateia, esquema semelhante era praticado na Associação de Moradores José Augusto Barreto, localizada no município de Muribeca, distante 79 km de Aracaju. "Eu contatei o senhor Pedro da Associação de Muribeca que faz trabalhos sociais e estava apta a receber os recursos. Fui à procura dele e informei os valores destinados e os que ficariam para ele e para o deputado. Contratamos as empresas Sorrisos Gás, de propriedade do meu irmão, e a Maria Rosanildes para fornecer notas referentes aos botijões, que não seriam entregues. No caso das cestas básicas, elas foram entregues, com a quantidade correta, mas com o valor superfaturado. Os cheques foram repassados pelo presidente e eu repassei aos fornecedores. Eles endossaram e em seguida, saquei o dinheiro para fazer o repasse", confessa o vereador.
O vereador conta como entregava o dinheiro desviado. "Foram realizados saques de R$80 mil e R$ 120 mil, o dinheiro foi entregue por mim ao deputado em encontros realizados na Colina ou no Hospital São José, em Aracaju".
Arimateia informou ainda que após a divulgação de uma matéria no Fantástico, os envolvidos no esquema foram procurados pelo deputado Aldelson Barreto. "Ele nos procurou para nos tranquilizar e ofertou uma quantia de R$ 40 mil para que procurássemos advogados e nas palavras dele: para seguramos a onda e não deixar chegar nele."
O advogado de Adelson Barreto informou que o depoimento do vereador Antônio Arimateia não é convincente, é um testemunho sem provas concretas. O advogado Emanuel Cacho disse que será a palavra do vereador contra a do deputado Adelson Barreto.

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