sexta-feira, 19 de junho de 2015

Neymar, o monstro criado

Um dia o Renê falou que estávamos criando um monstro dando asas para Neymar. De fato, o único monstro do futebol brasileiro hoje. 

A missão desse moleque não é justa. Ele carrega nas costas um Romário, um Ronaldo, um Rivaldo e um Adriano juntos. Tem de fazer tudo que os 4 fizeram pela seleção sozinho, sem perder a linha.

A questão é que Neymar é brasileiro e no Brasil fazer sucesso é pecado. Neymar, portanto, hoje, o maior pecador da pátria. Basta um jogo irritado e discute-se se ele “tem ou não equilíbrio”, entre outras barbaridades normalmente partindo de fracassados seres humanos que jamais terão 1% da responsabilidade que o garoto tem.

Manchete pós jogo: Neymar ta irritado. No outro dia, Neymar tá suspenso. A tarde, Neymar teria dito “oi” pra não sei quem, e a noite um terrível “filha da puta” que ele soltou ao Zuniga, aquele mesmo que o quebrou na Copa. 

O cara é um reality show. Não tem ser humano preparado e estruturado pra isso aos 55 anos, imagine aos 23. Neymar vai errar, acertar, mas o importante é que continue driblando, errando, perdendo a linha e sendo humano. Pois é de humanos que gostamos. 

Quando leio pessoas avaliando o garoto eu imagino um "mundo de japoneses".  Todo mundo igual, vestido igual, falando igual, com o mesmo cabelo e tendo que agir conforme um padrão estabelecido por jornalistas frustrados por não terem talento pra jogar bola, terem estudado 4 anos e não ganharem na vida o que o cara ganha num jogo de poker com os amigos.

Aos 23 anos Neymar já é o quinto maior artilheiro da história da Seleção (Getty Images)
Ninguém nunca foi Neymar na história do futebol brasileiro. Porque quem prometeu, não cumpriu. E quem cumpriu não prometeu.

Ele é o primeiro garoto que prometeu aos 11 anos e cumpriu com 20. O único. 
E fazer qualquer outra coisa que não apoia-lo e aplaudi-lo, hoje, é recalque. 

Pra cima deles, moleque! 

por Rica Perrone

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